De que lado do conflito nós estamos?



As três mensagens angélicas se revestem de significado especial numa época em que o mundo religioso está se unindo num mesmo conceito de adoração.


A busca por uma experiência mística com Deus, nas suas mais diversas manifestações, está abrindo caminho para uma uniformidade espiritual no mundo e contribuindo para o diálogo e interação entre grupos religiosos muito distintos.

Esse fenômeno, longe de ser um modismo passageiro, é parte do modelo consensual globalista em formação, e não constitui outra coisa senão uma versão moderna e ampliada da antiga torre de Babel, com as mesmas motivações, as mesmas filosofias pagãs e o mesmo espírito recalcitrante de outrora.

Enquanto Deus diz: "Retirai-vos dela, povo meu", "separai-vos" (Apocalipse 18:4; II Coríntios 6:14-18), Babilônia mística diz: "Vamos nos unir num mesmo pensamento", "derrubar muros e construir pontes", "reafirmar nossas semelhanças e compreender nossas diferenças" (Ver Apocalipse 16:13-14, 16; 17:13).

Dois discursos tão opostos não podem estar certos ao mesmo tempo. O primeiro exprime unidade no Espírito; o segundo, espírito de unidade. A diferença é sutil, mas decisiva.

Infelizmente, os cristãos em geral têm dado ouvidos a este último.

Ellen G. White escreveu:

Vi que, desde que o segundo anjo proclamou a queda das igrejas, estas se têm tornado cada vez mais corruptas. Elas levam o nome de seguidoras de Cristo, mas é impossível distingui-las do mundo... Homens ímpios ficam geralmente satisfeitos com uma forma de piedade sem verdadeira devoção, e ajudarão a sustentar uma religião desse tipo... Consideram-se os dizeres e as obras de homens em vez das claras, cortantes verdades da Palavra de Deus. O espírito e amizade do mundo são inimizade com Deus... Grande número de pessoas que professam ser cristãs não conhecem a Deus. O coração natural não foi mudado, e a mente carnal conserva a inimizade com Deus. São servos fiéis de Satanás, embora hajam assumido outro nome. (1)

A declaração é forte, porém reveladora. O mundo ama e reconhece como sua uma igreja que se identifica com seus valores, que se contenta com a aparência de piedade e é liberal o bastante para acomodar corações que nunca se firmaram em Cristo, que não O conheceram pela experiência pessoal com a Sua Palavra.

Esses falsos conversos são os instrumentos mais eficientes de Satanás, pois exercem uma influência que torna eficaz seus ataques contra o remanescente a quem o Senhor chama "raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus" (I Pedro 2:9). Ao servirem de laço para os incautos, revelam-se súditos do diabo, não de Cristo.

Infelizmente, os valores e o espírito do mundo têm entrado sorrateiramente na igreja de Deus, e Seu povo, conformando-se com os costumes mundanos sob o pretexto de que os tempos mudaram, tem sofrido, como consequência, uma profunda crise de identidade e senso de missão.

Além disso, à semelhança dos jesuítas, os professos seguidores de Jesus adotaram o princípio segundo o qual os fins justificam os meios. Trata-se do que podemos chamar de heresia do método, mais letal que outras heresias, na medida em que seus efeitos são mais dissimulados.

Um cristão que adota esse princípio não percebe que por causa dele já é outra pessoa. Ignora o fato de que os meios utilizados, e não somente os fins, influenciam seu caráter e são decisivos para o resultado de suas ações.

Assim, em nome do ideal de aproximar-se do mundo para salvá-lo, reproduz a estratégia que descaracteriza a si próprio e a religião que representa, a ponto de não haver mais distinção entre médico e paciente.

A citação a seguir é da Bíblia Satânica, de Anton LaVey, ocultista e fundador da igreja de Satanás. O leitor mais exigente não necessita verificar sua procedência, pois eu mesmo o fiz recorrendo às edições brasileira e americana, tendo, em seguida, excluído os arquivos de meu HD. Recomendo veementemente que os mais curiosos não acessem este tipo de literatura.

Eis o que seu autor diz sobre os cristãos:

Os tempos mudaram. Os líderes religiosos já não pregam que todas as nossas ações naturais são pecaminosas. Já não pensamos que sexo é obsceno ou que ter orgulho de nós mesmos seja vergonhoso ou que esperar alguma coisa de alguém em troca seja um vício. É claro que não, os tempos mudaram! Se você quer provas disso basta ver o quão liberal as igrejas têm se tornado, porque elas praticam todas as coisas que você [satanista] prega.

Os satanistas ouvem estas e outras declarações similares o tempo todo e concordam sem reservas. Mas, se o mundo mudou tanto, por que continuar a se agarrar aos tópicos de uma fé agonizante? Se muitas religiões estão negando suas próprias escrituras porque estão desatualizadas e estão pregando as filosofias do satanismo, por que não chamá-las pelo seu legítimo nome: satanismo? Certamente isso seria bem menos hipócrita.

Nos últimos anos tem havido uma tentativa de se humanizar o conceito espiritual do cristianismo, isto tem se manifestado nos mais óbvios meios não espirituais...

Os religiosos lamentam: devemos acompanhar os tempos! Esquecem-se que devido aos fatores limitadores e as, profundamente, arraigadas leis das "religiões da luz branca", jamais poderá haver mudanças suficientes para satisfazer às necessidades humanas.

Religiões passadas têm sempre descrito a natureza espiritual do homem com pouca ou nenhuma preocupação com suas carnais ou mundanas necessidades...

Elas têm considerado que esta vida é apenas transitória e que a carne é meramente uma aparência, o prazer físico de somenos e a dor uma preparação digna para o reino de Deus. Bem, a absoluta hipocrisia vem à tona quando os "justos" fazem mudanças em sua religião para acompanhar o ritmo da mudança natural do homem. Há somente um caminho para que o cristianismo possa servir completamente as necessidades do homem: é convertendo-se ao satanismo, agora. (2)

Que pese o cinismo do autor, a observação é desgraçadamente verdadeira. Para os que argumentam que as mudanças nos tempos e nos costumes exigem um novo tipo de igreja, estas palavras, carregadas de provocação, deveriam roubar-lhes o sono.

Elas também nos induzem a questionar de que lado do conflito estamos. Afinal, "ninguém pode servir a dois senhores" (Mateus 6:24). Se cooperamos com o príncipe das trevas, não podemos ser servos de Cristo.

Seria através da música, das artes cênicas, da permissividade pragmática, do evangelho meramente filantrópico, do mundanismo em suas mais variadas formas ou dos pecados acariciados que estaríamos facilitando a vida de nosso figadal inimigo?

Que o apelo inspirado do apóstolo Paulo em Romanos 12:1-2 possa nos sensibilizar quanto à necessidade de total submissão a nosso Senhor Jesus:

Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Notas e referências


1. Ellen G. White. Primeiros Escritos. Versão em CD-ROM. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, p. 273.

2. Tradução do original The Satanic Bible (Underground Edition), p. 38.

[Este artigo foi atualizado em 21 de março 2021]

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8 Comentários

  1. Muito interessante e trágica essa declaração! Mais trágico ainda é a cegueira dos nossos irmãos!

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    1. Tem razão, Camila! Que Deus desperte o Seu povo nestes dias tão solenes da história.

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  2. Laodicea!!! "Ai de ti", precisamos ter o Espírito Santo de Deus para sermos os remanescentes dessa igreja , "Pobre, Miserável, Cega e Nua"
    Que Deus nos Capacite para que possamos 'Combater.o Bom Combate!"

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    1. Amém! Que nosso Deus nos capacite neste sentido! Obrigado por seu comentário!

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    1. Obrigado! Que a mensagem de Deus exerça uma influência benéfica e duradoura em nossas vidas!

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  4. Ótima reflexão. O povo de Deus está flertando com o abismo, e mal percebe... E que ousa levantar a voz para tentar abrir-lhes os olhos, é velozmente condenado. Que triste fim. A história israelita se repetindo em nossos dias...

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    1. Obrigado pelo comentário, meu amigo! Infelizmente, é verdade e, por isso mesmo, necessitamos nos firmar ainda mais no "Assim diz o Senhor".

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