"Babilônia" vive (mas por pouco tempo)



"E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as." (Efésios 5:11)

A pós-modernidade é marcada pelo distanciamento da razão e a valorização do conhecimento intuitivo e emocional como forma de transcender o mundo real e racional.

A busca por uma experiência interior ou mística, uma sabedoria supostamente capaz de substituir e até superar as incongruências do racionalismo moderno, reflete essa valorização mais do que qualquer outra coisa.

Vanderlei Dorneles observa que "uma valorização pelas experiências emocionais ou românticas decorre da predominância dos meios de comunicação e da cultura do entretenimento, cujos conteúdos se alimentam do imaginário, dos jogos, da fantasia, do irreal e fictício. Estas fontes são mais atrativas do que a própria razão, e seus conteúdos assumem o status de coisa sagrada". (1)

Marianna Torgovnick, citada por Dorneles, defende que, na cultura moderna, bem como no período da hegemonia cristã, o primitivo foi associado ao paganismo, aos impulsos sexuais e a excessos. Isso criou a ideia de que os costumes primitivos necessitavam de orientação e controle racionais.

A despeito do controle e da repressão da racionalidade, esses impulsos primitivos ressurgem com força renovada na pós-modernidade e geram uma restauração da antiga natureza humana, que o mundo racionalizado e comedido havia camuflado e reprimido. Essa restauração se dá, entre outras coisas, por meio da liberação dos impulsos e da vivência com a religiosidade espontânea primitiva. (2)

Com base no uso inspirado que João faz da palavra "Babilônia" no Apocalipse, é evidente que esse fenômeno tipicamente pós-moderno possui dimensões proféticas.

Isso porque a expressão usada no último livro da Bíblia para se referir à apostasia final e de proporções ecumênicas inclui não apenas as instituições político-religiosas envolvidas, como também a própria espiritualidade então prevalecente no mundo, caracterizada por um retorno ao paganismo primitivo. Mencionei algumas manifestações desse fenômeno nas seguintes postagens:

A reconstrução simbólica de Babilônia nos últimos dias
A série "Jogos Vorazes" e a hermenêutica invertida
O redescobrimento do paganismo e a estratégia da desinformação

Hoje quero citar outro caso que demonstra, mais uma vez, quão real e frequente é esse fenômeno.

Recentemente, líderes europeus, incluindo a chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês, François Hollande, o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, o primeiro-ministro de Liechtenstein, Adrian Hasler, e o chanceler austríaco, Christian Kern, participaram da inauguração do túnel mais longo do mundo, com uma extensão de 57 km sob os Alpes suíços.

O evento histórico, contudo, foi ofuscado por cerimônias de abertura que continham conotações descaradamente satânicas e graficamente sexuais. (3)

As performances extravagantes e perturbadoras incluíram a forma de um diabo, adorado por figuras escassamente vestidas que repetidamente se prostravam diante dele. A figura demoníaca simula atos sexuais com vários dos atores masculinos e femininos, muitos dos quais andróginos (com características dos dois sexos).





O fato de que apresentações desse tipo sejam mais frequentes e ocorram em circunstâncias aparentemente incomuns constitui uma evidência indiscutível do espírito da época, profeticamente representado no livro do Apocalipse pela figura de Babilônia.

Elas são também parte das tentativas desesperadas de Satanás de consolidar uma causa perdida; a queda da Babilônia mística é inevitável, a despeito de seu poder e influência (Apocalipse 14:8), e, por essa razão, o solene chamado de Deus para abandoná-la se reveste hoje da maior importância e urgência para aqueles que não querem partilhar de sua triste sorte (Apocalipse 18:4-5).

Notas e referências


1. Vanderlei Dorneles. Cristãos em Busca do Êxtase: Adoração e espiritualidade no cenário atual. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014, p. 35.

2. Ibid., p. 36 e 37.

3. Com informações e imagens de Life Site.

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