Adoração e obediência: o foco do grande conflito



Adoração e obediência são temas centrais no Apocalipse, especialmente na seção que trata dos eventos ligados ao tempo do fim.

O apelo do primeiro anjo - "e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas" (Apocalipse 14:7) - só poderia ser proclamado em toda a sua força quando o tempo do fim chegasse, quando o assunto assumisse um caráter notório e decisivo nos últimos dias.

O "anjo forte" de Apocalipse 10 anuncia solenemente que esse tempo chegou, e que Deus deve ser crido e adorado como o Criador e Juiz de todos os homens!

Assim, desde 1844, em cumprimento de Daniel 8:14, a humanidade tem sido chamada a reconhecer essa solene verdade à luz do juízo no Céu, e o será com muito mais poder pouco antes da vinda de nosso amado Salvador, quando essa proclamação produzirá um efeito que não é possível produzir agora (Apocalipse 18:1, 4).

Ainda não temos testemunhado o clímax das operações de Satanás para suprimir da mente dos homens a adoração verdadeira e substituí-la por uma contrafação (II Tessalonicenses 2:9-10). Mas, a julgar pela presente ordem de coisas, não devemos duvidar de que nós caminhamos rapidamente nessa direção.

Basta considerarmos os decididos esforços do diabo para solapar a fé na mensagem presente através de movimentos globais que têm desafiado importantes verdades acerca de Deus, particularmente Suas prerrogativas de Criador e Juiz, entre eles o marxismo, o dispensacionalismo e o evolucionismo, os quais, combinados com outros movimentos igualmente destrutivos à fé, surgiram por volta de 1844 (para mais informações, clique aqui)!

Não há nenhuma coincidência no fato de Deus ter guiado o movimento do advento em 1844, a fim de proclamar o evangelho eterno em sua estrutura assinalada do tempo do fim, na mesma época em que tais teorias e doutrinas enganadoras surgiram.

Esse cenário desafia hoje o povo de Deus a mais uma vez, e com maior determinação, tomar o livrinho aberto da mão do "anjo forte" e comê-lo, de modo a fazer de seu conteúdo sua própria vida e missão (Apocalipse 10:8-11)!

Adoração: um tema decisivo no tempo do fim


Já observamos em outras ocasiões que Apocalipse 10 é o "divisor de águas" entre a parte histórica e a parte escatológica (referente aos eventos finais) do último livro da Bíblia.

Nesta extraordinária visão relacionada à abertura do livro profético de Daniel, até então selado (Daniel 8:14, 26; 12:4, 9), o próprio Senhor Jesus assume a forma de um poderoso mensageiro celeste para investir Sua igreja no tempo do fim de uma comissão especial antes que soe a sétima trombeta, isto é, antes do estabelecimento do reino de Cristo na Terra (Apocalipse 10; 11:15-18).

O ato central do "anjo forte" na visão diz respeito ao solene juramento que Ele faz, o qual tem um paralelo surpreendente com o juramento do mensageiro divino em Daniel 12:7. Esse último juramento foi uma resposta do Céu à pergunta: "Quando se cumprirão estas maravilhas?" (Daniel 12:6). Enquanto que em Daniel 12 a resposta foi esperar até que os três tempos e meio se cumprissem (verso 7), em Apocalipse 10 a resposta traz boas novas: "Já não haverá demora" (verso 6)!

Mas essa não é a única diferença significativa entre os dois juramentos! Note a seguinte comparação:




Percebe-se um acréscimo no juramento do "anjo forte" de Apocalipse 10 em relação ao juramento do mensageiro divino de Daniel 12. Ao passo que este jura "por aquele que vive eternamente", o "anjo forte" jura "por aquele que vive pelos séculos dos séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles existe" (destaque acrescentado)!

Essa ênfase é intencional, pois, ao revelar o plano divino para a derradeira missão de Sua igreja dentro do marco do tempo do fim, em preparação para o segundo advento, Cristo revela também o que estará em jogo nos últimos dias: adoração e, consequentemente, obediência! Considerando que Apocalipse 10 introduz as visões proféticas relativas ao tempo do fim (capítulos 11 a 22), o destaque na adoração coloca em perspectiva o tema em torno do qual se desenvolverá o último grande drama entre Cristo e Satanás.

De fato, a ênfase no Criador já se torna evidente na maneira como o "anjo forte" faz Seu juramento; ao abrir o selo das profecias de Daniel para o tempo do fim, Ele "pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra" e "levantou a mão direita para o céu" (Apocalipse 10:2, 5)! Esse ato solene se refere tanto ao alcance mundial de Sua obra, como à Sua autoridade sobre o céu, a terra e o mar! Isso sugere fortemente que, ao comunicar à igreja do tempo do fim uma compreensão mais completa das profecias outrora fechadas do livro de Daniel, o "anjo forte" inclui a adoração como a "pedra de toque da lealdade" nos últimos tempos.

A ênfase elaborada aqui, sobre Deus como Criador do céu, da terra e do mar e de todas as coisas que há neles, constitui, com efeito, uma parte essencial da missão da igreja no tempo do fim. Essa ênfase é ampliada em Apocalipse 14, na mensagem que apela a todos os habitantes do mundo a adorar a Deus como o único Criador: "E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas" (Apocalipse 14:7)!

Hans K. LaRondelle observa com notável percepção:

Dessa maneira se define o problema religioso final na história humana como uma questão de adorar ao Criador em Espírito e em verdade. Tal adoração foi o assunto crítico para o povo do antigo pacto em relação com a adoração pagã. Israel se caracterizou por louvar a Jeová como Redentor e Criador dos céus e da terra (Gênesis 1, 2; Salmos 8, 19, 136, 146; Neemias 9:6, 7; Isaías 40:28; Jeremias 10:10-12). Também Paulo enfatizou a diferença fundamental entre o Criador e toda a realidade criada (Romanos 1:20-25; Atos 14:15; I Tessalonicenses 1:9). O Criador decidiu que toda rebelião, idolatria e violência humana chegará a seu fim nos dias quando o sétimo anjo soar sua trombeta. (1)

O papel da adoração no conflito final


Alem das alusões intencionais à adoração em Apocalipse 10, nós encontramos nos capítulos 13 e 14 nada menos que oito referências ao assunto!

Apocalipse 13 é paralelo e complementar ao capítulo 12, como nas profecias de Daniel. Enquanto Apocalipse 12 abrange os esforços de Satanás para perseguir e destruir a igreja de Cristo, Apocalipse 13 revela como esse inimigo impiedoso e determinado trava guerra contra os santos, especialmente no tempo do fim. As referências à adoração nesse capítulo e no seguinte nos lembram, uma vez mais, sobre o que estará em jogo durante esse tempo.

Em Apocalipse 12, o agente perseguidor da igreja é simbolizado por um "grande dragão", que não é outro senão "a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo" (verso 9). Note a significativa alusão ao Gênesis, o livro das origens (Gênesis 3:1-5)! O dragão se faz representar por meio de reinos e instituições terrestres alinhados aos seus interesses. No capítulo 13, revelam-se quais são os dois sócios do dragão nessa empresa iníqua: a besta que emerge do mar e a besta que emerge da terra, também chamada "falso profeta" (Apocalipse 16:13; 19:20; 20:10).

Temos aqui, portanto, uma falsa tríade satânica - o dragão, a besta marítima e a besta terrestre -, que conspira contra a Santíssima Trindade da seguinte forma:

  • O dragão reivindica o lugar de Deus ao investir a besta marítima com "o seu poder, o seu trono e grande autoridade... sobre cada tribo, povo, língua e nação" (Apocalipse 13:2, 7), assim como Cristo recebeu do Pai "domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem" (Daniel 7:14). O objetivo de ambas as investiduras de poder é receber a adoração e a lealdade de toda a humanidade. (2)
  • A besta marítima reivindica o lugar de Cristo ao imitar a dramática experiência de nosso Salvador em Sua morte e em Sua triunfante ressurreição e ascensão a um domínio universal e legítimo, na medida em que a besta também morre, ressurge e ascende a um domínio universal, mas totalitário (Apocalipse 13:3-4, 8, 12-14. Comparar com 1:17-18; 5:6, 9, 12).
  • A besta terrestre, ou "falso profeta", reivindica o lugar do Espírito Santo - O qual dota a igreja com o "espírito da profecia" (Apocalipse 12:17; 19:10, conforme João 14:16-17, 26; 15:26; 16:13-15) -, ao realizar na presença da besta marítima sinais que induzem os moradores da Terra à falsa adoração, e ao comunicar "fôlego à imagem da besta, para que não só a imagem falasse, como ainda fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da besta" (Apocalipse 13:14-15).

De modo que Apocalipse 13 adverte a igreja de Cristo a respeito de uma conspiração extraordinária, blasfema e de proporções mundiais centrada na questão da adoração. Ao passo que em Apocalipse 14 Deus apela às faculdades superiores da mente na expectativa de uma resposta positiva e voluntária ao chamado final para a adoração verdadeira baseada no evangelho eterno, a falsa adoração é imposta mediante um conluio de poderes totalitários e respaldada por sinais sobrenaturais.

Mas há uma evidência adicional que põe em relevo o ponto crítico da grande controvérsia nos últimos dias. O apóstolo João observa, em visão, que cada membro da tríade satânica origina-se de uma parte do mundo: o dragão surgiu no céu (Apocalipse 12:3), a besta com dez chifres e sete cabeças, no mar (13:1), e a besta semelhante a um cordeiro, na terra (13:11)!

Ocorre que esses são os mesmos domínios sobre os quais o "anjo forte" de Apocalipse 10 fez Seu solene juramento (versos 2, 5), e que também são mencionados como obras do Criador no apelo do primeiro anjo à adoração verdadeira (Apocalipse 14:7)! É como se a falsa tríade desafiasse a Deus ao reivindicar para si cada domínio do mundo como a esfera de seu poder e influência.

E, de fato, é exatamente isso o que acontece. A falsa trindade combina suas forças para amalgamar o mundo em torno da adoração a eles mesmos. Essa é a principal razão por que Deus tem destinado esses poderes para o dia do acerto final de contas (Apocalipse 14:9-11; 19:19-20; 20:10).

Diante dessa certeza, Deus insiste através da derradeira proclamação do evangelho na tríplice mensagem angélica (Apocalipse 14:6-12) a sermos sábios e prudentes, escolhendo adorar a Deus, e não a falsa tríade satânica.

Adoração e obediência no tempo do fim


O solene chamado de Deus para adorar o Criador (Apocalipse 14:7) está intrinsecamente ligado à obediência aos Seus mandamentos. A proclamação das três mensagens angélicas resultará em adoradores que "guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus" (Apocalipse 14:12).

Em contraste, o falso modelo de adoração representa uma quebra consistente da lei de Deus, como se infere das seguintes alusões: "imagem" (Apocalipse 13:14-15; 14:9, 11, conforme Êxodo 20:4), idolatria (Apocalipse 13:4, 8, 12, 15; 14:9, conforme Êxodo 20:3-4), blasfêmia (Apocalipse 13:1, 5, 6, conforme Êxodo 20:7), homicídio (Apocalipse 13:10, 15, conforme Êxodo 20:13) e adultério ou prostituição (Apocalipse 14:4, 8, conforme Êxodo 20:14).

Isso significa que, enquanto a adoração verdadeira implica a observância conscienciosa e voluntária dos mandamentos de Deus, pela fé em Jesus, a falsa adoração implica desobediência e rebelião, o que conduz o mundo à ilegalidade e à ausência de toda restrição moral. A consequência são os pecados mencionados acima.

Como a adoração está no foco da última grande controvérsia, o sábado do sétimo dia (Êxodo 20:8-11) é o ponto mais delicado no conflito sobre os mandamentos de Deus. Tendo em vista a determinação das forças satânicas no sentido de usurpar para si a prerrogativa divina da adoração, o sábado se torna uma questão central na demanda pelo culto e fidelidade dos homens, pois é o dia divinamente designado para adoração e, portanto, constitui a prova definitiva de lealdade.

Um entendimento mais claro sobre o significado do sábado a partir dessa perspectiva será fundamental para compreender com maior propriedade o lugar da adoração no tempo do fim, bem como o sentido de urgência do chamado final de Deus à verdadeira adoração na mensagem do primeiro anjo.

Notas e referências


1. Hans K. LaRondelle. As profecias do Tempo do Fim. XVIII - O Refletor Profético sobre o Povo de Deus do Tempo do Fim - Apocalipse 10.

2. Ibid., XXII - O Conflito final de lealdade do Tempo do Fim - Apocalipse 13.

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